A
Hora da Estrela
Publicado pela primeira vez em 1977,
ano da morte da escritora, A Hora da Estrela confirma o nome de Clarice Lispector dentre
os maiores de nossa literatura. Diante da originalidade de seu estilo e da
profundidade no enfoque de temas aparentemente banais, o leitor não tem
escolha, senão ficar preso a um texto que o leva a exercitar a sua reflexão e
apurar sua sensibilidade.
A hora da Estrela tem como enfoque o
imigrante nordestino desnorteado na grande cidade do Rio de Janeiro. As figuras
da datilógrafa Macabéa e do operário Olimpo, cuidadosamente delineadas, são
comoventes. Através deles revela-se a pobreza, “feia e promíscua” e a
simplicidade de algumas vidas tão pouco interessantes. A narrativa nos enreda e
nos leva mais longe do que a descrição realista do cotidiano inexpressivo de
cada um deles. São questionados a fundo os valores da sociedade moderna, o
papel social do artista contemporâneo e a própria existência humana.
Para uma gama tão vasta de questões,
Clarice Lispector coloca em cena a própria linguagem, moeda de comunicação
entre os homens e matéria-prima do escritor. Pois é na linguagem que os
confrontos se manifestam com maior nitidez e contundência. Indagando quanto ao
lugar da palavra, o artista consciente poderá traduzir a penúria do nordestino
e a incomunicabilidade a que este se vê sujeito fora de seu habitat sem, no
entanto, roubar-lhe a identidade. É também na palavra que desemboca a reflexão
sobre o sentimento de exílio que assalta o homem que se pergunta a que veio ao
mundo.
A Hora
da Estrela transita entre a tragicidade e o esplendor da vida, entre a
fragilidade e a grandeza do ser humano. Se Clarice Lispector enfrenta o tema
solidão é para alertar quanto à importância do enfrentamento das desigualdades
sociais e do enigma da vida. Assim, restituí á ficção o papel de imprimir novas
perspectivas e novo sabor aos problemas e indagações que nos cercam.Editora: Francisco Alves Editora/25ª Edição
Perto do Coração Selvagem
O livro de Clarice Lispector "Perto do Coração Selvagem", conta a história de Joana e sua transição de menina para adolescente, de adolescente para mulher, de esposa para amante. Ao ler esse livro, o leitor sente que Joana quebrou as barreiras da imaginação e perambula pelo mundo, em busca das respostas e verdades sobre sua vida.
Joana tinha muito medo dentro de si e desejava ser livre, mas para conseguir essa liberdade nunca teria se ligado á ninguém. Talvez seu erro fosse querer ser livre, mas era com este objetivo que Joana iluminava sua matéria.
O professor foi um personagem para sua adolescência foi o único que a compreendia, que conseguia enxergar seus medos e anseios, era o único que também queria uma alma livre.
Otávio se casou com Joana mais por curiosidade do que por amor. Ele a achava inferior, era uma forma, portanto, de continuar a cometer seus pecados.Joana o amou a sua maneira, porém ninguém a compreendia, nem ela mesma.Joana sabia do relacionamento de Otávio e Lídia, mas mesmo assim se mantinha fria como se de nada soubesse. Ao revelar que desejava ter um filho de Otávio, ele não compreendeu: "tudo está quase terminado entre nós". Ela o abandonava, em todo momento o deixava só.Ele nunca a compreendera, eram duas almas que caminhavam e falavam línguas diferentes. No momento em que ele descobriu que Joana descobriu a existência de Lídia e seu filho, ele a achou monstruosa, sem sentimentos.
O relacionamento com o homem que a seguia foi rápido mas intenso.Ao se ver livre ela se viu envelhecendo, sozinha, com a sensação de que nada tinha vivido. Ela buscou de novo uma verdade, ela buscou novamente seus sonhos: "Tudo o que nos vem é matéria bruta, mas nada existe que escape a transfiguração".
Quando lemos o livro "Perto do Coração Selvagem", por vezes nos perdemos e não sabemos se estamos lendo a história da autora ou a história de Joana, essas duas pessoas tornam-se tão próximas, são tão confidentes e intensas em seus sentimentos que a autora, a personagem e o leitor formam um.
8A
Sempre confusa,
Virgínia entregava-se a uma relação apenas por inércia. Não parecia ter
reais sentimentos pelo homem a quem se dava, ou, se os tinha, tudo
assomava e submergia-se de forma ligeira. Envolvera-se com Vicente
porque lhe fora cômodo, e de certa forma natural. Mas
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